O quarto dia do curso “From Gene to Trait” evidenciou o papel de inovações tecnológicas e metodológicas para entender e aprimorar as interações genéticas e ambientais no contexto agrícola, fornecendo um panorama abrangente para o avanço da fenotipagem e do melhoramento de plantas.
Rodrigo Greggio de Freitas, da Faculdade de Engenharia Agrícola da UNICAMP, iniciou o dia discutindo as diferenças entre agricultura digital e agricultura de precisão. Freitas destacou que, enquanto a agricultura digital se baseia na gestão agrícola com dados coletados por tecnologias diversas, a agricultura de precisão foca na variabilidade dentro das lavouras para otimizar o manejo. Ele exemplificou o potencial dessa abordagem por meio da sua pesquisa sobre o uso de imagens e redes neurais para monitorar pragas agrícolas, possibilitando a aplicação de defensivos de forma mais precisa e sustentável.
Filipe Matias, da Syngenta, abordou outro tema importante para o avanço das tecnologias agrícolas: o desenvolvimento de carreira em STEM e Agtech. Embora jovem, Matias já construiu uma sólida carreira transitando entre a academia e empresas de tecnologias agrícolas. Ele também é o desenvolvedor do software FieldImage, amplamente utilizado em estudos de campo de fenotipagem digital. Matias destacou a importância do networking e do conceito de Ikigai, filosofia japonesa que busca motivação e propósito no trabalho, como elementos fundamentais para a construção de uma carreira sólida. Matias também apontou as habilidades necessárias para os profissionais na carreira em STEM e Agtechs, com destaque para empatia, adaptabilidade, e uma forte capacidade de comunicação e análise. Além disso, ele ressaltou a importância de construir comunidades que promovam um sentimento de pertencimento e compartilhem os mesmos anseios.
Randall Wisser, do INRAE, trouxe o tema “Integrative Modeling of Genotype-Environment Interactions: Implications for Maize Adaptation”, apresentando como a modelagem das interações genótipo-ambiente pode acelerar o melhoramento do milho. Combinando acoplamento de simulações genômicas de características poligênicos com modelos de crescimento de culturas, Wisser explicou como é possível prever o desempenho de diferentes combinações genéticas sob variados cenários ambientais, ajudando a desenvolver plantas mais resilientes às mudanças climáticas.
Roberto Fritsche Neto, da Louisiana State University, discutiu o uso de fenotipagem de alta precisão (High Throughput Phenotyping – HTP) para estudar interações entre plantas e microrganismos, com foco no milho. Ele destacou o desenvolvimento de plataformas de baixo custo para fenotipagem em estufas e o uso de experimentos in silico para validar protocolos de HTP baseados em veículos aéreos, que têm facilitado o processo de coleta e análise de dados em tempo real.
Encerrando o dia, Seth Murray, da Texas A&M University, abordou a importância de temporal field phenomics para compreender melhor as interações entre genética e ambiente. Murray demonstrou como a coleta temporal de dados fenotípicos ao longo do ciclo de vida da planta oferece insights valiosos sobre a resposta das plantas a variações sazonais e climáticas. Essa abordagem ajuda a identificar genótipos capazes de manter produtividade e resiliência em condições de variação ambiental, o que é essencial para o desenvolvimento de cultivares mais robustas.